Alimentação Saudável e Segurança Alimentar

Sempre escutamos que uma alimentação equilibrada é essencial para nossa saúde, que devemos realizar de 5 a 6 refeições por dia e que um prato saudável é aquele mais colorido possível. Procuramos seguir essas orientações com disciplina e seriedade, mas muitas vezes, não sabemos as razões dessas atitudes. Precisamos mesmo beber 2 litros de água por dia? Mas como escolher alimentos saudáveis e saber a quantidade em que devem ser consumidor diariamente? Enfim, a Nutrição é uma ciência muito nova, com diversas descobertas a cada dia, e por este motivo ainda não teve tempo de espalhar todas essas suas informações para todo mundo.Com isso, para responder alguma dessas perguntas, foi criada por especialistas um modelo chamado de Pirâmide Alimentar. Ela nada mais é do que a representação gráfica do equilíbrio alimentar.
Esse espaço é dedicado ao conhecimento sobre o mundo da Alimentação. Bem-vindo!

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Riscos Biológicos


Estima-se que cerca de 90% das doenças transmitidas por alimentos sejam provocadas por microrganismos. Estes podem-se encontrar em quase todos os alimentos, mas a sua transmissão resulta, na maioria dos casos, da utilização de metodologias erradas nas últimas etapas da sua confecção ou distribuição. Embora se conheçam mais de 250 tipos diferentes de bactérias, vírus e parasitas causadores de Doenças de Origem Alimentar, apenas alguns aparecem frequentemente. De acordo com a National Advisory Committee on Microbiological Criteria for Foods (N.A.C.M.C.F.), EUA (2004), estes (micro)organismos podem-se classificar segundo o seu perigo e difusão.



Classificação dos (Micro)Organismos
de acordo com o seu perigo e difusão
Risco severo

Risco Moderado / Alta difusão

Risco moderado / Difusão limitada



O espectro das doenças infecciosas provocadas por alimentos está em permanente modificação, observando-se que a prevalência de determinadas doenças varia de época para época. Há um século, a febre tifóide, a tuberculose e a cólera eram doenças muito frequentes. No entanto as melhorias introduzidas na elaboração e manipulação dos alimentos, nomeadamente a pasteurização do leite, a confecção de conservas seguras e a desinfecção da água, permitiram controlar estas doenças, contribuindo para um aumento da segurança alimentar.
Actualmente, outras infecções de origem alimentar tomaram os seus lugares, incluindo algumas que só recentemente foram descobertas. São os casos das diarreias relacionadas com o consumo de framboesas contaminadas com o parasita Cyclospora, que surgiram em 1996 na Guatemala, ou com ostras cruas contaminadas com uma nova estirpe da bactéria Vibrio parahaemolyticus, em 1998 em Galveston Bay. O aparecimento destes ou outros novos microrganismos pode ser justificado por diversos factores. Por um lado, os microrganismos difundem pelo mundo com alguma facilidade e o ambiente e a ecologia estão-se a modificar, assim como os hábitos de produção de alimentos e de consumo. Por outro, a tecnologia está-se a desenvolver de tal modo que estão disponíveis melhores testes laboratoriais que permitem identificar microrganismos que anteriormente não eram detectáveis. Assim, actualmente existem doenças infecciosas de origem alimentar novas, outras reaparecem após muitos anos de ausência (re-emergentes), algumas têm um aparecimento esporádico e há ainda as que são consideradas já erradicadas. O seguinte quadro refere as doenças cuja prevalência tem vindo a aumentar e aquelas que se encontram praticamente erradicadas.



Doenças de Origem Alimentar
Prevalência crescente

Prevalência baixa ou nula
Listeriose (Listeria monocytogenes)
Cólera (Vibrio cholerae)
Campilobacteriose (Campylobacter jejuni)
Teníase (Taenia saginata)
Intoxicações por Escherichia coli ou por Yersinia enterocolitica
Triquinose (Trichinella spiralis)

1. Bactérias
As bactérias são microrganismos unicelulares com uma estrutura muito simples, o que lhes permite replicarem-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura, pH, humidade e concentração de oxigénio favoráveis. Nalguns casos, apenas 20 minutos são suficientes para que o número de bactérias duplique, o que significa que um número inicial de 10 bactérias num determinado alimento em condições favoráveis, se multiplicará de tal modo que se terão 640 bactérias ao fim de 2 horas.
As bactérias são microrganismos unicelulares com uma estrutura muito simples, o que lhes permite replicarem-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura, pH, humidade e concentração de oxigénio favoráveis. Nalguns casos, apenas 20 minutos são suficientes para que o número de bactérias duplique, o que significa que um número inicial de 10 bactérias num determinado alimento em condições favoráveis, se multiplicará de tal modo que se terão 640 bactérias ao fim de 2 horas.


 


Bactérias Implicadas 
em Doenças de Origem Alimentar
Género
Espécies / Estirpes
Alimentos mais frequentemente associados
Alimentos notificados no RASFF*
(Março 2005 -Agosto 2006)
B. cereus
Arroz, Cereais, Pratos de carne, Vegetais 
Alimentos que tenham tido contacto com o solo ou com pó
Cacau
Leite UHT
Massas demi-frescas
Mistura de especiarias
(curcuma)
Peixe
B. licheniformis



Alimentação dietética
(crianças)


Leite cru
Derivados de animais contaminados

C. jejuni
Alimentos proteicos crus ou pouco cozinhados
Lacticínios
Coelho
Frango
Manteiga
C. botulinum
Carnes insuficientemente curadas ou sem conservantes
Conservas caseiras de carnes ou vegetais

C. perfringens
Manejamento inadequado
Refrigeração lenta
Alimentos aquecidos a baixa temperatura

E. coli
Água ou alimentos com contaminação fecal
Carne vaca, Chá de limão, Queijo Brie
Mexilhão
Salame
Produtos à base de leite
L. monocytogenes
Leite
Derivados do leite
Saladas
Bacon entremeado, Carne de cavalo, Carne de vaca cozinhada, Filetes de Pangasius, Halibute, Linguiça, Paté, Queijo de leite cru, Queijo fumado, Peixe (Pangasius hypophthalmus), Salame, Salmão fumado
Sushi
S. Enteritidis
S. typhimurium
Frango
Pato
Peru
Ovos
Carne porco, Carne vaca, Codornizes, Frango, Pato, Peru, Ovos
S. Aberdeen, S. Agona, S. Bardo, S. Bareilly, S. Bilu, S. Blockley,S.Cerro, S.choleraesius, S.Cubana, S. Gabon
S. Derby, S. Dublin, S. Gold Coast, S. Hadar, S. Indiana, S. Infantis, S. Johannesburg, S. Livingstone, S.Mbandaka, S. Meleagridis,
 
S. Mgulani, S. Minesota, S. Montevideo, S. Napoli, S. Oranienburg, S. Orion, S. Panama, S. Salamae, S. Paulo, S. rissen, S.salamae, S. Senftenberg, S. Stourbrige, S. Virchow, Grupo B, Grupo C,

Alimento para crianças, Bacon, Leite para crianças, Camarão, Carne de coelho, Carne porco, Carne de javali, Carne de vaca, Chá de ervas, Chouriço, Curcuma (especiaria), Foie gras, Frango, Ganso, Gelado
Gengibre, Javali
Leite em pó, Leite para bébés, Linguiças, Mexilhão, Pato, Peru, Pimenta moída, Pintada, Queijo cabra, Queijo fresco, Queijo pasteurizado, Ração de peixe, Rebentos de soja, Sementes de colza, Sementes de sésamo, Vitela
S. typhi 
S. paratyphi
Água

S. dysenteriae
Saladas, Leite, Aves
Produtos hortícolas

S. aureus
Carne, Leite, Ovos e derivados
Resulta da manipulação
Alimentos ricos em proteína e água
Marisco
Peixe
Queijo de leite cru
S. pyogenes
Leite cru, gelados, saladas,
mariscos

V. cholerae
V. parahaemolyticus
V. vulvinicus
Peixe, marisco e moluscos crus ou insuficientemente cozinhados
Camarão
V. alginolyticus

Camarão
Y. enterocolitica
Leite cru, Aves, Carnes, Mariscos, Vegetais

* RASFF- Rapid Alert System for Food and Feed

2. Vírus
Os vírus são agentes infecciosos com uma organização acelular muito simples: uma capa proteica e um ácido nucleico (DNA ou RNA) no seu interior. São muito mais pequenos do que as bactérias e para se multiplicarem requerem que uma célula viva, de uma espécie para a qual são específicos, lhes sirva de hospedeiro.
Alguns vírus são causadores de Doenças de Origem Alimentar. Embora não se multipliquem nos alimentos (por serem específicos para as células humanas), a sua destruição também não ocorre a não ser que os alimentos sejam devidamente cozinhados. A sua especificidade também implica que os vírus que infectam animais, como é o caso do vírus da peste suína, não representem quaisquer perigos para a saúde humana, sendo o seu controlo justificado apenas por uma questão de sanidade animal.
Os vírus mais frequentemente implicados em Doenças de Origem Alimentar são os da hepatite A e da hepatite E, os rotavírus (principal causa de diarreia infantil) e os vírus da família Norwalk (que provocam gastroenterites).

 


Vírus Implicados 
em Doenças de Origem Alimentar
Alimentos mais frequentemente associados
Alimentos notificados no RASFF*
(Março 2005 - Agosto 2006)
Astrovírus


Hepatite A
Água
Marisco
Saladas

Hepatite E
Água

Rotavírus
Fruta
Saladas
 
Transmissão fecal-oral
(a transmissão pessoa a pessoa é a mais frequente)

Vírus de Norwalk (também designados norovirus, calcivírus)
Água
Framboesas, ostras cruas
* RASFF- Rapid Alert System for Food and Feed

3. Parasitas: vermes e protozoários
Os vermes e os protozoários são parasitas, isto é organismos que vivem sobre ou no interior de outro organismo (o hospedeiro), beneficiando desta associação enquanto prejudicam o hospedeiro, do qual geralmente obtêm nutrientes.
As Doenças de Origem Alimentar provocadas por estes parasitas são muito menos frequentes do que as de origem bacteriana. Estes parasitas, que são muito maiores do que as bactérias, podem crescer e atingir o estado adulto no tracto gastrointestinal do homem, ou ser directamente ingeridos por consumo de tecidos de animais contaminados. Nalguns dos casos os sintomas podem durar várias semanas ao fim das quais diminuem ou desaparecem, para posteriormente reaparecerem. Entre os principais parasitas causadores de Doenças Origem Alimentar encontram-se Giardia lamblia ou intestinalis,Cryptosporidium parvum (protozoários) e Trichinella spiralis (verme).



Parasitas Envolvidos
em Doenças de Origem Alimentar
Género
Espécies
Alimentos mais frequentemente associados
Alimentos notificados no RASFF* 
(Março - Agosto 2006)
C. parvum
Leite, Água, Vegetais
Transmissão oral-fecal
Também ocorre transmissão indivíduo-indivíduo


Salmão
Outros peixes

E. histolytica


G. lamblia
(ou
 intestinalis)
Alimentos ou águas expostos a contaminação fecal

A. lumbricoides


A. simplex
Salmão, Bacalhau, Badejo, Arenques, etc. 
Esta larva encontra-se no músculo de muitos peixes
Bacalhau seco
Sardas
Tamboril
T. saginata
T. solium


T. spiralis
Javali
Porco
 
Músculo de animais que comem carne

C. cayetanensis
Água e alimentos contaminados com fezes


* RASFF- Rapid Alert System for Food and Feed
4. Priões
O prião é uma partícula proteica infecciosa que se presume ser o agente causador das encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSE), como a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE-doença das vacas loucas) e a sua variante humana, o scrapie dos carneiros e das cabras e a doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD). É constituído por uma proteína modificada, que por contacto com uma proteína sã a modifica convertendo-a numa proteína patogénica, que por sua vez vai modificar outra proteína sã, produzindo uma reacção em cadeia.


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