O sal de cozinha, ou,
mais especificamente, o cloreto de sódio, contém dois íons essenciais para o
bom funcionamento do corpo: o sódio e o cloro. O sódio toma parte na condução
dos sinais nervosos e no controle do volume de líquido no corpo, atividade
compartilhada com o cloro (ânion cloreto). Entretanto, o consumo em excesso
dessas substâncias pode levar a um aumento na pressão arterial, não raramente
sendo um dos culpados da hipertensão arterial idiopática (também conhecida como
primária), que totaliza 95% dos casos de hipertensão.
Estudos mostraram que,
se consumidos isoladamente, o sódio ou o cloreto não possuem este efeito de
aumentar a pressão arterial, que só ocorre quando consumidos conjuntamente,
como no sal de cozinha. O mecanismo deste efeito envolve a capacidade renal de
excreção do sódio, a ação do peptídio natriurético atrial e do sistema
renina-angiotensina. Entretanto, esse mecanismo não é o mesmo em todas as
pessoas, havendo dois grupos: os sensíveis ao sal e os resistentes ao sal.
O organismo dos
indivíduos resistentes ao sal, quando recebe uma quantidade maior dessa
substância, aumente sua excreção pelos rins através do peptídio natriurético
atrial, substância que aumenta a quantidade de sódio na urina, normalizando
assim seus níveis no sangue. Já nos indivíduos sensíveis ao sal, o mecanismo de
resposta predominante é o do aumento da pressão arterial, o qual levaria a uma
maior produção de urina e, conseqüentemente, maior eliminação de sódio e
cloreto. Associado a isso, indivíduos sensíveis ao sódio possuem uma menor
capacidade de dilatar os vasos sanguíneos, potencializando o aumento
pressórico.
Tendo em vista esses
dados, várias entidades médicas recomendam uma redução moderada no consumo de
sódio para um total de 100 miliequivalentes por dia, o que equivale a 6 gramas
de sal de cozinha, ou a quantidade de sal que cabe em uma tampa de caneta. Essa
atitude sozinha é capaz de reduzir a pressão arterial em 2/1 mmHg (milímetros
de mercúrio) em indivíduos resistentes ao sódio e 5/3 mmHg nos sensíveis, além
de potencializar o efeito de algumas medicações utilizadas no tratamento da
hipertensão como: os diuréticos, os inibidores da enzima conversora da
angiotensina e os bloqueadores do receptor de angiotensina II. Além disso, essa
atitude pode diminuir as chances do indivíduo sofrer algum evento
cardiovascular, diminuição do volume do ventrículo esquerdo e da excreção
urinária de cálcio.
Em uma análise feita
nos Estado Unidos, estima-se que essa simples medida de ingerir menos sal possa
diminuir em 92.000 o número anual de mortes e resultar em uma economia de 24
bilhões de dólares.
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