Estudo publicado por
pesquisadores da Universidade de Washington na revista The American Journal of
Clinical Nutrition demonstrou que o consumo de carnes processadas foi associado
com maior risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Trata-se de um estudo
prospectivo que acompanhou 2001 indivíduos durante cinco anos, com o objetivo
de avaliar a associação entre o consumo habitual de carne processada
(mortadela, salsicha, linguiça, presunto, salame, entre outros) e carne
vermelha no aumento da incidência de diabetes.
Os pesquisadores
avaliaram a ingestão dietética e o consumo habitual de alimentos durante o ano
por meio de questionário de frequência alimentar. A incidência de diabetes foi
definida com base nos critérios da American Diabetes Association (ADA) de 2003.
Entre os 2001
participantes, 61% eram do sexo feminino e a idade média foi de 35 anos. Ao
final do estudo foram identificados 243 casos incidentes de diabetes. O consumo
de carnes processadas foi elevado na população estudada, em que 68% dos
avaliados (n=1367) consumiam cerca de duas porções de carne processada por
semana. Por outro lado, apenas 0,8% (n=16) dos participantes relataram não
consumirem qualquer tipo de carne processada, 13% (n=260) consumiam <1
porção/semana e 17,9% (n=358) consumiam 1-2 porções/semana.
Foi observado que o
consumo acima de 11,4g de carne processada por dia, especialmente do tipo spam
(spiced ham, no Brasil conhecido como fiambre) foi associada com maior risco
para o desenvolvimento de diabetes (razão de chances [OR]: 1,63; intervalo de
confiança: 95%). No entanto, apesar de o consumo de carne vermelha não
processada ser elevada (acima de 2 porções/semana), não foi associado com maior
incidência de diabetes.
Os pesquisadores
sugerem alguns mecanismos biológicos que possam explicar esses resultados. As
carnes processadas são ricas em aditivos e conservantes, incluindo o nitrato de
sódio, o que pode influenciar o risco de diabetes. As nitrosaminas presentes
nesses tipos de alimento possuem efeito tóxico nas células beta do pâncreas.
Além disso, as carnes processadas também são ricas em produtos finais da
glicação avançada e que está associada a um aumento de inflamação e estresse
oxidativo. Estes últimos são fatores de risco para o desenvolvimento de
diabetes. Outro aspecto importante é que uma dieta rica em carnes processadas
pode causar ganho de peso e obesidade, que também são fatores de risco para
o diabetes.
“Este estudo contribui
para as evidências que identificam o papel importante da dieta como um fator
determinante na incidência de diabetes e sugere um alvo alimentar potencial
para intervenções, objetivando sua prevenção”, concluem os pesquisadores.
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