Um grupo de pesquisadores da Universidade da
Califórnia publicou em uma das maiores revistas científicas do mundo, Nature,
um comentário sobre os efeitos deletérios do açúcar no organismo e afirma a
necessidade de regulamentação do seu consumo.
Os autores Robert
Lustig, Laura Schmidt e Claire Brindis abordam o tema com o título “Public
health: The toxic truth about sugar”, que significa “Saúde pública: A verdade
tóxica sobre o açúcar”. Eles afirmam que o consumo em excesso de açúcar
representa perigos à saúde, por isso a sua ingestão deve ser controlada, da
mesma forma como ocorre com o controle do consumo de álcool e cigarro.
O alerta surgiu a
partir de dados publicados pelas Nações Unidas em setembro de 2011 relatando
pela primeira vez que as doenças crônicas não transmissíveis, como doenças
cardíacas, câncer e diabetes superaram as doenças infecciosas, atingindo 35
milhões de mortes anualmente.
O anúncio das Nações
Unidas teve como alvo o tabaco, o álcool e a dieta como os fatores de risco principais
para o desenvolvimento das doenças não transmissíveis. “Dois desses três, o
tabaco e o álcool, são regulados pelos governos para proteger a saúde pública.
Porém, está sendo esquecido um dos principais culpados pela crise mundial de
saúde, a dieta”, alertam os autores. Entretanto, a questão chave, segundo os
autores, é: quais os aspectos da dieta ocidental deve ser o foco de
intervenção?
“Ao invés de focar
somente em gordura e sal, considerados atualmente como os vilões da dieta,
devemos dar atenção também para os alimentos com adição de açúcar”, destacam os
autores.
Os autores argumentam
que existem diversas evidências científicas mostrando que o consumo excessivo
de açúcar está relacionado com doenças associadas à síndrome metabólica, que
inclui hipertensão; triglicerídeos elevados e resistência à insulina; diabetes
e o processo de envelhecimento precoce. Alguns estudos mostram também que o
consumo de açúcar está relacionado ao câncer e declínio cognitivo.
Além disso, o açúcar
produz efeitos que causam dependência ao seu consumo, assim como o tabaco e o
álcool, agindo no cérebro para estimular o consumo posterior. Especificamente,
o açúcar evita a supressão do hormônio grelina (que sinaliza a fome para o
cérebro), bem como interfere no transporte e sinalização do hormônio leptina
(que ajuda a produzir a sensação de saciedade).
“A regulamentação do
açúcar não será fácil, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde os
refrigerantes são muitas vezes mais baratos do que a água potável ou leite. Reconhecemos
que a intervenção da sociedade para reduzir a oferta e demanda de açúcar
enfrentará uma difícil batalha política e exigirá a participação ativa de todos
os interessados. É hora de voltar nossa atenção para o açúcar”, concluem.
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