Pesquisadores da
Universidade de São Paulo publicaram na revista científica Nutrition um estudo
que avaliou a associação entre o polimorfismo na glutationa peroxidase-1
(GPx1), uma enzima antioxidante, os níveis de selênio (Se) e danos ao DNA em
mulheres com obesidade após o consumo de castanhas-do-brasil (também conhecida
como castanha-do-pará). O resultado foi de que houve aumento nos níveis de SE e
da atividade da GPx1 com a ingestão desta castanha nesta população.
Trata-se de um estudo
randomizado que avaliou 37 mulheres com obesidade mórbida. As participantes
consumiram uma castanha-do-brasil por dia, fornecendo aproximadamente 290 mcg
de selênio/dia, durante oito semanas. A recomendação diária para este
micronutriente, segundo a Dietary Reference Intake (DRI), é de 55 mcg/dia.
Os pesquisadores
verificaram no início do estudo e ao final das oito semanas as concentrações de
Se no sangue, atividade da enzima GPx1 e os níveis de danos ao DNA. Em seguida,
os resultados foram comparados em relação à presença de polimorfismo de
nucleotídeo único (SNP) no gene para GPx1. Os SNPs em genes que codificam para
enzimas antioxidantes, tais como GPx1 têm sido implicados na propensão para o
câncer e outras doenças. Dentre os SNPs no gene para GPX1, destaca-se o PRO198LEU
(ou Pro/Leu) que é resultante da substituição de citosina por timina, sendo o
genótipo “normal” o PRO198PRO (ou Pro/Pro).
No início do estudo,
todas as pacientes estavam deficientes em Se, e após a ingestão da
castanha-do-brasil houve melhora significativa nos níveis sanguíneos de Se
(p<0,001) e na atividade da GPx (p=0,001). Além disso, as participantes que
apresentaram genótipo Pro/Pro tiveram diminuição nos danos do DNA após o
consumo da castanha-do-brasil (p<0,005). No entanto, houve maior dano ao DNA
nas participantes com o genótipo Leu/Leu em comparação com aquelas com o
genótipo Pro/Pro (p<0,05).
“Este estudo é o
primeiro a analisar as possíveis associações entre níveis de selênio, atividade
da GPx, e os níveis de danos no DNA e polimorfismo no gene para GPx1 após o
consumo de castanha-do-brasil. Mostramos que o consumo diário de apenas uma
unidade desta castanha é eficaz em melhorar os níveis de Se e a atividade da
enzima GPx em mulheres obesas”, comentam os autores.
“Semelhante a outros estudos
no campo nutrigenômica, esses resultados não podem ser generalizados para
outras populações, devido às diferenças raciais, étnicas e relacionadas ao
estilo de vida. Certamente, estudos incluindo populações maiores são
necessários para confirmar nossos resultados”, concluem.
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